1. ENQUADRAMENTO LEGAL
- O artº 5º do Decreto-Lei n.º 6/2001 de 18 de Janeiro que configura a Área de Projecto, aponta para a concepção, realização e avaliação de projectos desenvolvidos a partir de problemas ou temas de pesquisa/intervenção de acordo com as necessidades e os interesses dos alunos.
Em cada turma serão implementadas iniciativas que deverão estar de acordo com o Projecto Curricular de Turma o qual operacionalizará o Projecto Curricular de Escola.
O Projecto de Turma, que deverá corresponder às especificidades da turma e permitir uma articulação horizontal tendo em conta situações reais, será o cenário, a grande linha orientadora da intervenção dos professores nas diferentes áreas curriculares, incluindo, como não podia deixar de ser, a Área de Projecto.
Considerada uma área transversal das diferentes disciplinas e integradora das aprendizagens nelas realizadas, a Área de Projecto abordará temas e problemas, que deverão ser negociados entre os intervenientes.
2. TIPO de INICIATIVAS
- O tipo de iniciativas que se podem desenvolver é muito variado, abrangendo actividades de intervenção junto da comunidade educativa ou da comunidade em geral, de investigação, de intercâmbio com outras escolas ou de produção de uma obra.
- Deste modo, podem considerar-se neste âmbito quatro categorias:
1 - Relacionadas com a exploração de situações educativas específicas, desenvolvidas em clubes, oficinas, biblioteca, destinadas a estimular a produção de uma obra, com carácter interdisciplinar;
2 - Relacionada com o trabalho realizado noutros espaços curriculares (feiras de história, exposições, jornal escolar, correspondência e intercâmbio entre escolas, semanas abertas);
3 - De natureza lúdica ou destinada ao convívio (rádio da escola, correspondência e intercâmbio entre escolas, torneios desportivos, festas, organização de passeios);
4 - Destinadas a prestar um serviço à comunidade (participação em campanhas de carácter cívico, apoio a actividades de comunidade). - O número de iniciativas dependerá do nível etário dos alunos, dos seus próprios interesses, do perfil do grupo/turma e do conteúdo dessas iniciativas. Tanto pode acontecer que ocorram várias como uma só.
Adaptações efectuadas a partir da obra de: A. Cosme e R. Trindade, "Área de Projecto - Percursos com sentidos"
3. SUGESTÕES METODOLÓGICAS
- A Metodologia de Trabalho de Projecto é a mais utilizada. Contudo, e embora seja uma metodologia importante a ter em conta, existem outras, igualmente relevantes sob o ponto de vista pedagógico, através das quais se podem desenvolver projectos que articulem diferentes ramos do saber e que vão ao encontro dos interesses dos alunos. Nomeadamente:
1. - Método de Resolução de Problemas (o mais próximo da Metod. de Trabalho de Projecto, sendo o procedimento que norteia e orienta as actividades de EVT, e daí a importância destes professores como um dos coordenadores desta área curricular – Área de Projecto);
2. - Metodologia da Aprendizagem pela Descoberta;
3. - Metodologia da Aprendizagem Através de Situações-Problema;
4. - Aprendizagem Colaborativa;
5. - Círculos de Aprendizagem. - Estas metodologias apresentam potencial para que os alunos:
- Se responsabilizem pela sua própria aprendizagem (dando-lhes a oportunidade para intervirem sobre o que aprendem e como aprendem);
- Controlem o seu próprio processo de aprendizagem, reflectindo sobre ele;
- Definam as suas próprias metas de aprendizagem;
- Desenvolvam a sua autonomia;
- Desenvolvam capacidades de resolução de problemas, de investigação e tratamento de informação, comunicação, colaboração e auto-avaliação.
Adaptações efectuadas a partir da obra de: Elvira Leite, Manuela Malpique, Milice Ribeiro dos Santos, ”Trabalho de Projecto 1. Aprender por Projectos Centrados em Problemas”, Ed. Afrontamento
4. AS TIC - FERRAMENTAS DE TRABALHO
- Qualquer que seja a metodologia utilizada, as TIC constituem uma ferramenta imprescindível quer se desenvolvam projectos, quer actividades de projecto, quer ainda outro tipo de iniciativas. Recorde-se que o mesmo Decreto-Lei, mencionado no ponto-1, refere o carácter transversal das Tecnologias de Informação e Comunicação, cada vez mais presentes não só nas escolas mas na sociedade em geral, constituindo, actualmente, um veículo para a aprendizagem ao longo da vida.
A Área de Projecto é um espaço privilegiado, em que a partir dum projecto/problema/tema se pode desenrolar todo um conjunto de actividades, envolvendo uma ou mais ferramentas TIC. Não é possível afirmar, à partida, qual das ferramentas TIC é mais adequada. Como em qualquer outra situação educativa, tudo depende das finalidades, do contexto e da estratégia adoptada.
As Tecnologias de Informação e Comunicação apresentam potencial para tornar a educação mais significativa, pelo que será dada a oportunidade aos alunos de se envolverem em actividades significativas e autênticas e/ou responder a desafios e problemas.
Nesta área curricular temos dado especial ênfase ao uso das TIC visto constituírem, não só uma ferramenta ao serviço do processo de ensino-aprendizagem mas, principalmente, um instrumento que propicia representar e comunicar o pensamento, actualizá-lo continuamente, resolver problemas e desenvolver projectos.
Resolver problemas do quotidiano e desenvolver projectos, com as TIC, favorece a articulação entre as diversas áreas do conhecimento, proporcionando um aprofundamento de alguns conteúdos específicos e levando à produção de novos conhecimentos.
Os Computadores ligados à Internet e seus serviços com potencialidades ao nível da pesquisa de informação, comunicação e partilha de conhecimento, o processador de texto (ferramenta básica no que se refere à produção de documentos escritos), a folha de cálculo (nomeadamente a nível do tratamento de dados e sua representação gráfica), a base de dados (como dispositivo de organização e gestão de informação) a recolha e tratamento de imagem digital; a apresentação electrónica da informação; a edição electrónica e mesmo a produção/edição de vídeo digital, constituem veículos de construção de conhecimento, de partilha e de comunicação indispensáveis na Sociedade actual.
(Na escola, existe um leque variado, em género e número, de ferramentas informáticas à disposição dos professores e dos alunos desde que requisitados atempadamente)
5. OBJECTIVOS E FINALIDADES
- O Objectivo central de Área de Projecto é envolver os alunos na concepção, realização e avaliação de projectos, permitindo articular saberes de diversas áreas curriculares em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção.
Objectivos gerais
- Assim sendo, a actuação do professor deve ser norteada pelos seguintes objectivos/principios gerais:
- Desenvolver competências sociais, tais como: a comunicação, o trabalho em equipa, a gestão de conflitos e a avaliação de processos.
- Aprender a resolver problemas, partindo das situações concretas e dos recursos existentes.
- Promover a integração de saberes através da sua aplicação contextualizada.
- Desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção, promovendo a articulação das diferentes áreas disciplinares e não disciplinares.
- Desenvolver a sensibilidade e preocupação pelos problemas sociais e ambientais
- Aprofundar o significado social das aprendizagens disciplinares.
Objectivos específicos
- Deste modo, os projectos que irão ser desenvolvidos este ano lectivo, na sua dimensão transversal, servirão para:
- desenvolver competências sociais (já apontadas);
- “ aprender a fazer fazendo”;
- ligar a teoria à prática;
- realizar aprendizagens e desenvolver as múltiplas capacidades do aluno;
- aprender a resolver problemas, partindo das situações e dos recursos existentes;
- desenvolver métodos de trabalho;
- desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção, promovendo a articulação dos diferentes conhecimentos disciplinares e não disciplinares;
- desenvolver áreas de expressão escrita, oral, tecnológica, artística, ...;
- desenvolver as capacidades de pesquisa, selecção e tratamento de informação;
- desenvolver a curiosidade intelectual;
- desenvolver a iniciativa, a persistência, a responsabilidade e a criatividade;
- aumentar a auto-estima e a autoconfiança;
- desenvolver as capacidades de auto e hetero-avaliação;
- desenvolver a criticidade construtiva;
- criar metodologias de trabalho, sabendo estabelecer etapas e prioridades;
- desenvolver e aperfeiçoar estratégias de trabalho individual e de grupo;
- permitir ao aluno ser autor do seu próprio currículo.
- saber ouvir os outros e emitir juízos de valor fundamentados.
Neste sentido aponto três itens como as grandes Finalidades de Área de Projecto:
- Compreensão integrada dos saberes.
- Contribuição para a formação integral do aluno.
- Integração no Meio.
6. COMPETÊNCIAS
- Na decorrência dos referidos propósitos/pressupostos deseja-se que o aluno adquira competências por forma a:
• Identificar problemas e articular saberes: culturais, científicos e tecnológicos para compreender a realidade.
• Pesquisar, investigar, seleccionar e organizar informação de forma crítica em função de questões e necessidades.
• Usar adequadamente linguagens das diferentes áreas do saber cultural, científico e tecnológico.
• Realizar actividades de forma a promover o sentido cooperativo, a troca de saberes, a responsabilidade, o respeito, a autonomia, e a criatividade.
• Cooperar com os outros e trabalhar em grupo.
• Desenvolver actividades intelectuais, artísticas e motoras com esforço, persistência, iniciativa e criatividade.
• Rentabilizar as tecnologias da informação nas tarefas de construção pessoal do conhecimento e dos valores.
• Estimular a comunicação e o debate de ideias.
• Promover o espírito de tolerância, de solidariedade e de partilha.
• Reconhecer a importância da vivência dos valores no desempenho quotidiano.
• Cultivar uma consciência ética, religiosa e estética do mundo.
• Participar na vida cívica de forma crítica e responsável.
• Avaliar a adequação dos desempenhos, na perspectiva do seu aperfeiçoamento.
7 AVALIAÇÃO
- A avaliação em AP é formativa e contínua, e tem as seguintes características:
- é interna ao processo de ensino-aprendizagem;
- privilegia os processos em relação aos produtos;
- torna o aluno protagonista da sua aprendizagem;
- permite diferenciar o ensino;
- serve ao professor para, através das informações colhidas, reformular e reorientar a sua acção;
- serve ao aluno para auto-regular as suas aprendizagens, consciencializando-o de que a aprendizagem não é um produto de consumo mas um produto a construir, e de que ele próprio tem um papel fundamental nessa construção.
- A avaliação formativa, como todas as modalidades de avaliação adoptadas pelo sistema, tem uma função de regulação, facilitando a construção de itinerários pessoais de formação. Porque introduz os alunos nos mecanismos da aprendizagem da construção do saber e nas regras da convivência democrática, constituindo, como refere De Ketele, uma meta-aprendizagem.
- A avaliação sumativa desta área, no final dos 3 períodos lectivos, expressa-se de forma descritiva (caso assim o entenda o Conselho de Turma), à atribuição de uma menção qualitativa (Não Satisfaz, Satisfaz, Satisfaz Bem), e utiliza elementos provenientes das diversas disciplinas e áreas curriculares intervenientes no projecto.
- Compete ao Conselho de Turma proceder à avaliação qualitativa mediante proposta do par pedagógico que orientou a Área de Projecto, bem como a dos professores intervenientes no Projecto.
Instrumentos de Avaliação
- Os professores que orientam as actividades de AP, em cumprimento com o predisposto na avaliação contínua desta área curricular, servir-se-ão dos seguintes meios/instrumentos de registo de avaliação:
- Fichas de Registo de Observação do Professor (atitudes e comportamento; competências; métodos de trabalho; comunicação/expressão oral, escrita e expressão plástica; aplicação de conhecimentos e produções durante o desenvolvimento do Projecto);
- Grelhas de Registo de Actividades do Aluno e do Grupo (planificações, diário de bordo);
- Grelha de Registo da Apresentação Oral dos Grupos (do professor e do aluno);
- Trabalhos de Grupo;
- Relatórios individuais e de grupo;
- Fichas de Auto-avaliação e Hetero-avaliação dos alunos e do grupo.
8. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO (Ver Grelha)